domingo, 10 de abril de 2011

Dor da lembrança

Cris Challoub

Há coisas que acontecem de repente: um dia está tudo bem, no outro, tudo em ruínas. É como se os momentos vivessem em metamorfose e aquilo que te faz bem, continua te fazendo bem, só que de outra forma, porque o pó da felicidade acabou. Continua te fazendo bem pelas lembranças, essas são as piores, te atormentam ao acordar, tomar banho, estudar, trabalhar, até quando você dá banho no cachorro que nunca teve ou lembra daquele lanche dividido na noite de domingo, e esse ciclo vicioso continua até você dormir. Lembro-me que li, uma certa vez, as sensações que alguém apaixonado sentia. E digo: já senti todas essas com vários caras diferentes, até com aquele carinha que a gente conhece na noite e que ao ousar um primeiro beijo, você gela. Mas nunca ouvi falar que a falta te fazia sentir pior. É o triplo dos efeitos da paixão com aquele toque de saudade. Relembrar efeitos do passado é bom, mas não quando esse passado é presente e que fazem seus olhos inflarem ao lembrar. Não também quando você vê algum casalzinho na rua e se pergunta: “éramos assim?” e quando encontra a resposta, continua se questionando porque as coisas que parecem infinitas têm de se acabar. Planos, planos e mais planos. Esses sempre são tantos que a gente faz. E na maioria, nunca se cumprem. Talvez porque vocês não estavam juntos quando a data comemorativa chegou, ou estavam brigados, amargurados, chateados após aquela briga que nem você e nem ele lembram mais o motivo, mas que por orgulho ninguém cede. E porque será tão difícil assumir que a sua vida não faz mais sentido? E que você nunca mais o esqueceu desde aquele dia em que deram o primeiro beijo? É difícil demais falar que você conhece alguns sorrisos que ele tem? E que todo dia, em toda vez que o telefone toca, você treme achando que pode escutar 'to com saudade', do outro lado da linha? Será difícil ser feliz? É tão difícil fazer tudo isso que no final das contas você se apega na frente do seu computador, sentindo-se gelada, com o coração em mãos, escrevendo um texto sem nexo, cheio palavras jogadas e se perguntando: “porque naquele dia eu tinha que sair de casa?????”. Algumas perguntas nunca serão respondidas e para algumas coisas não existe explicação.

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