segunda-feira, 5 de julho de 2010

Chance

Dizem que banho de chuva lava a alma, mas não há nada mais purificante do que uma boa conversa. É bom sabermos que as pessoas não apenas veem nossa casca, mas que conseguem ver além dela e identificar nossos anseios. De certa forma aliviam nossa tensão. Em uma conversa temos a chance de nos conhecer melhor e de essencialmente nos libertarmos. Segurança? O caminho é bem por aí. Nada melhor do que a nossa liberdade de expressão e a nossa própria ética com os nossos sentimentos. Sentimentos que são assuntos tão complicados e tão pessoais às vezes tornam-se temas. Temas para crescer, amadurecer, nos conhecer e ver que além de tudo podemos ser bem mais do que já somos.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O mito da mulher misteriosa

Por: Tati Bernardi
Fonte: www.tatibernardi.com.br

Com certeza você já deve ter visto uma dessas ou no seu trabalho, grupo de amigos ou mesmo andando nas ruas. Talvez você até mesmo seja uma dessas mulheres. É fácil reconhecer a mulher misteriosa. Ela jamais atende o celular na sua frente. Se levanta e vai atender bem longe de você. E você não sabe se ela está narrando alguma postura do Kama Sutra ou uma receita de bolo de fubá da vovó. O toque do seu celular é discretíssimo e você nem percebe que ela saiu de perto pra atender. Porque ela também é discretíssima. Por que terminou o namoro da mulher misteriosa? Ela enjoou dele? Levou um pé na bunda? O cara morreu? Ela ta sofrendo? Você nem sonha. Ela não conta nem pro terapeuta. Aliás, você também jamais vai descobrir se existe um terapeuta. Sua idade é entre 25 e 38 anos. Não dá pra saber só de olhar. Seu rosto se desfaz em segundos. Talvez ela more nos Jardins. Pinheiros. Veio de Curitiba. Ela é carioca? É ali por perto, você acha. Seu carro é preto ou cinza, quase certeza. Ela gosta de música, porque vive de I-pod. Mas o que será que ela escuta? Nada. você não sabe absolutamente nada da mulher misteriosa. Quando você a encontra no banheiro, dá um segundo e ela desapareceu. E você louca pra descobrir, ao menos, a marca da sua pasta de dente. Numa mesa de bar com conversa animada ela se limita a sorrir. Numa festa importante ela se limita a aparecer por minutos e desaparecer em segundos. Em um show ela jamais canta as letras, rebola, comemora, fica suada. Aliás, quem é que já encontrou ela em algum show? Ou em algum lugar? Mas era ela, não era? Dizer seu nome em vão parece até um pecado. Ela nunca fala de ninguém e muito menos dá assunto para alguém falar dela. Não se tem nada a dizer dessa mulher. Mas, para desespero geral de todas as outras mulheres, o mundo não tem outro assunto. Todos os homens desejam loucamente a mulher misteriosa. Todas as mulheres desejam loucamente a mulher misteriosa. Sua personalidade incerta acaba se tornando uma personalidade fortíssima e seu jeito anulado acaba se tornando um espaço gigantesco para todos imaginarem o que bem quiserem. E eu, como estava dizendo, sempre quis ser dessas mulheres imperfuráveis, inatingíveis, inaudíveis e incompreensíveis. Mas nunca consegui. Quando vou ver, já contei minha vida pra primeira pessoa que me deu um pouco de atenção. Já to rindo alto no restaurante porque não me controlei e fiquei feliz demais. Já escrevi um texto sobre o fulaninho da terça passada e publiquei numa revista. E o fulaninho ta morrendo de medo porque escrevi que gosto dele. E se alguém perguntar, vou dizer mesmo que goste dele. E se ele não gostar de mim, minha tristeza não será segredo para ninguém. E minha pasta de dente é para deixar os dentes branquinhos. E quando vou ver, lá se foi a mulher misteriosa que eu gostaria tanto de ser. Porque eu jamais poderia ser uma. E sofri anos com isso. Até que resolvi conviver de perto com algumas mulheres misteriosas para tentar descobrir o que se passa na cabeça e na alma desses seres incríveis que nunca têm nada a dizer, a doer, a aconselhar, a cantar, a dançar, a morrer de rir, a fofocar, a detalhar, a exagerar, a sonhar, a dividir, a acrescentar. E descobri que a coisa era muito mais simples do que eu imaginava: nada. Não se passa nada de relevante nem na cabeça e nem na alma dessas mulheres. As mulheres misteriosas, tão admiradas e desejadas, não passam de mulheres sem a menor graça. Elas não calam por mistério, charme ou discrição. Calam porque simplesmente não há nada mais sábio que elas possam fazer.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Querido idiota,

Assisti o filme "Querido John" e amei. Amei tanto que depois de ter contemplado parei para pensar um pouco nesse tipo de romance. *Quando digo 'nesse tipo de romance' me refiro ao verdadeiro e não àquelas balelas que estamos acostumados a ver.*

Mas não falarei de romances, amor, paixão, até por que quem sou eu para tentar expressar isso?Não sou Drummond, Camões e nem Fernando Pessoa para agir com tal convicção diante desse assunto tão misterioso - para alguns.
Digamos que essa seria minha fórmula: sonhos + homens sarados + filmes românticos que é equivalente a: sonhando intensamente com gostosões romanticos. Mas peraí, vivo na realidade.
Então sento, ligo o computador e vejo: frangos, idiotas e falsos...Mas paro por aqui, esse não é o real objetivo.

O objetivo sim é falar sobre as cartas. As mil e umas cartas que são enviadas nesses filmes.
E me pergunto: "porque essas cartas não saem dos filmes?". A resposta é clara: as cartas estão no orkut! Péssimo isso, não?

Faz falta esperar, abrir ansiosamente, ler, sentir cada frase escrita com capricho. Quer dizer, falta falta, não faz né, até porque eu não convivi com esse tipo de emoção. Mas que faz falta faz! Acho que vocês entenderam a que ponto quis chegar.

Então aqui vai dica para os meninos: mandem cartas e mais cartas. Cartas bem elaboradas, importantes, marcantes. O que custa?

Como já é perceptível o filme foi aprovado e indico. Vale a pena!